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Amor ...dos outros e De Si.

Sabe, muitas vezes nos colocamos a mendigar dos outros atenção, carinho, respeito, amor. Mas quando fazemos isso, nos esquecemos que tais gestos precisam ser gratuitamente ofertados. 
Então  percebemos que nem sempre é bom cobrar de ninguém que nos enxergue,  pois quando fazemos isso, alimentamos no outro a sensação de controle. Mais que isso, perdemos a oportunidade de compreender que na verdade somos nós que somos cheios de atenção,  carinho,  respeito, amor. Não vemos que é o outro quem não os tem, e que os busca desesperadamente em qualquer lugar.  Perdemos também  a oportunidade de sermos generosos com todos os demais que se oferecem a compartilhar conosco seus sentimentos.  
Ir atrás de pessoas que não te vêem é lutar para não ser percebido, brigar com o espelho opaco e tentar parar o vento.
 Sentimentos para serem ampliados precisam ser divididos e somados para que haja a multiplicação deles, como por exemplo a felicidade. 
A única coisa que se deve pedir é Desculpas, pois esta significa a sabedoria do que errou e aprendeu. Mas não deve ser utilizada com muita frequência,  pois, quando usada exaustivamente,  demonstra má fé,  incapacidade em fazer a coisa certa por falta de vontade. Corre-se o risco de ser desacreditado pela recorrência frequente. Pois, quem erra e pede desculpas é porque quer fazer do jeito certo, porque passou a conhecer suas limitações. É agora conhecedor de si e de suas potencialidades. 
Bem, quando se toma conhecimento de si, em outras palavras,  quando se descobre o amor de si, o ser humano amplia sua capacidade de amar. Ama de uma medida quase que celestial. E neste ponto, abandona todos os seus vícios terrenos, por entender que nada mais vale que o Amor incondicional. 
Quando se ama neste nível, percebe-se a necessidade de não mais mendigar nada. Perceberá  espontaneamente a presença daqueles que buscam o mesmo objetivo, e um detalhe, isso não faz de ti melhor nem pior que ninguém. Ao contrário, te faz humano, numa humanidade tão profunda que te leva a não se importar com aspereza, dissimulação, falsidade, torpeza, bestialidade... pois passa-se a ver o outro humano como alguém que caminha na mesma estrada que a sua, e mais ainda, como alguém que está sofrendo todo o processo de crisolamento pelo qual você passou. 
Sua vontade imediata é de ajudar, com tudo, lhe vem a certeza de que cada indivíduo constrói sua própria história por meio de suas escolhas, e colhe das escolhas as consequências.
Quando se chega a tal ponto de sua vida, com tal percepção, pode-se concluir que se é feliz. Sim feliz. Mas um feliz de verdade. Ainda que se veja sozinho, saberá que por onde chegue ou passe, poderá ofertar um pouco de si aos que se permitirem serem visitados.
 Será alegre sem ter que forçar a aparência, ou simular alegria para esconder a tristeza,  será realista sem ser pessimista. Não se deixará cair na falsa ideia do otimismo que foi erroneamente construída para mascarar o medo. Não se terá no medo um inimigo mas um aliado que te permite usá-lo como combustível para buscar alternativas ao problema. 
E diante da simplicidade com que se perceberá a vida, se comportará ainda mais simples , deixando de lado o dito popular que fala de uma realidade dura, para compreender a realidade como fluída, e portanto adaptável, adaptativa e que implica em imersão. É, o homem só deixa de mendigar quando imerso em si, se descobrir possuidor daquilo que tanto busca...

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