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A Mística da Cruz


"E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!" (Filipenses 2:8)



Fonte: (http://formacao.cancaonova.com/tome-a-sua-cruz-e-siga-me-3/)


Quem assume sua Cruz torna-se fraco e desprezado pelas pessoas. A cruz foi, é e continuará sendo escândalo para os fariseus, loucura para os incrédulos e contradição para muitos. Tomar a sua Cruz e seguir a Jesus implica em ser quem você é essencialmente, ou seja, como Deus te fez, com teus desejos, com teus medos, anseios, angústias, sonhos, com tua beleza física e espiritual. 
Tomar a própria cruz e seguir, significa aceitar a vontade de Deus em sua própria vida, sabendo que no fim da caminhada, além do peso da Cruz ainda resta ter a coragem de subir nela para que a humilhação seja completa.  Sim, a morte de Cruz para o Judeu era a mais escandalosa humilhação imposta ao homem.  Sim, seguir Jesus é ter como obrigação, assumir sua Cruz, humilhar-se na mais escandalosa situação que se possa rebaixar na  sociedade em que vive, para que compreendas que tudo que tu possas sofrer, em nada se aproximará dos sofrimentos reais passados por Jesus. Ele tendo somado ao peso da própria cruz, os pecados da humanidade inteira, suportou dores atrozes e humilhações injustas.
É loucura para os incrédulos, porque pelos corações anestesiados, quer pelos traumas das próprias cruzes não compreendidas, quer pelo exacerbado moralismo que nos faz nos tornam farisaicos legalistas, nos tornamos petrificados para a fé. Incapazes de amar e ter compaixão para com o próximo,  nos afastamos da Cruz que nos pede conviver com os erros dos irmãos.  São  situações que levam a muitos para incredulidade, pois uns ordenam  a Deus que lhes dêem os mimos e privilégios de não sofrer, outros esperam ser melhores que aqueles que pecam diferentes de si. 
  A  incapacidades de perceberem que todos temos cruzes, muitos observam os que abraçam as suas cruzes e seguem a Jesus, estes lhes parecem loucos e insensatos. Chegam a dizer: "acaso aquele não é beltrano? Será que não sabe que todos nós conhecemos a imundice de sua vida? Acaso acha que não sabemos de tantas histórias?" E com isso, revestidos de superioridade, perdem a sanidade, pois ao olhar de cima, não percebem o abismo ao qual margeiam, e na loucura da superioridade, acreditam não precisar ombrear com pessoas de tão baixo saber e nível social.
É a Cruz sinal de contradição, pois enquanto é assumida, torna-se um fardo leve, pois  Jesus Cristo diz que seu fardo é leve e seu julgo é suave, e ao assumir sua Própria Cruz, no seguimento a Jesus Cristo, é dEle que recebemos o Fardo, é dele que nos importa o Julgo. Por isso é sinal de Contradição, pois é a Cruz mais que sinal, é símbolo, pelo qual se comunica a vida essencial de um Cristão. 
Assumir a Cruz implica saber que na sua via-sacra até o calvário haverá quedas, das quais muitos soldados da fé e populares se rirão. Humilhado, o cristão chorará, suara sangue, e por vezes encontrará pessoas piedosas, que lhe secará o rosto, lhe ajudará a carregar a Cruz...Mas ainda assim, para muitos, trata-se de um teatro, de um conto, de uma mitologia...
No caminho do calvário, muitos cuspirão, insultarão, ignorarão... Muitos, inclusive, dos que se serviram  de seus auxílios...Não deve o cristão se assustar com a Ingratidão. Também Cristo sofreu por tal motivo, e no injusto julgamento pelo qual foi submetido, foi preterido pelos que ele alimentou e curou. Ouvia-se os gritos, "este não, mas soltem Bar-ah-Bás. Gritos de ingratos corações.
Contradição é a Cruz, pois para quem a assumiu, é símbolo pelo qual Jesus comunica a ressureição, uma vez que a Cruz não é lugar definitivo, mas um rito de passagem pelo qual o seguidor de Cristo tem a oportunidade de , no alto da sua crucificação, abandonar-se nas Mãos de Deus, seguindo fielmente o exemplo do Divino Mestre que diz "Pai, em suas mãos eu entrego o meu espírito." Enquanto para os que não a abraçam, não percebem a riqueza da humildade que se obtém na via dolorosa. E emsoberbecidos, riem e tripudiam dos humildes, humilhando-os ainda mais.
Assim, o seguidor de Cristo não só aceita a Cruz, mas principalmente se crucifica, numa guerra descomunal contra seus vícios, seus medos, seus desejos e sua carne. Assumir a Cruz e seguir para a crucificação de si mesmo é travar essa luta interior, na qual deve-se sempre optar pela dor e sofrimento, em detrimento do conforto e do comodismo de ser e permanecer como sempre foi. Para quem olha de fora, trata-de de uma vida normal e de razoável sensuidade, demasiada luxúria, e fama...para as Veronica, as Marias, e Simão de Cirene, é uma realidade de choros, sangues, dores e sofrimentos. Não deve, o cristão, fugir de tal situação. A cruz traz em si grandes ensinamentos pela escola dos sofrimentos. 
A escola do sofrimento nos ensina, por meio da Cruz, a sabedoria de Jesus em fiar-se inteiramente no amor e na misericórdia de Deus. A escola do sofrimento nos conduz ao verdadeiro encontro com o Cristo, pois os estigmas que carregamos são frutos da Cruz, e são eles a senha pela qual nos configuramos a Jesus numa União esponsal de Almas pela qual nos fazemos verdadeiros adoradores de Deus. Adoradores em espírito e em verdade. 
A cruz que se assume é um lenho da arvore da qual outrora Eva, pela desobediência, sacou-lhe o fruto, e que no Calvário, Maria, pela fé e obediência, entrega de volta à Árvore o bendito Fruto. Na entrega de Maria, a arvore da morte traduz-se em Árvore da vida. Vida essa que se torna plena, quando compreendia a Cruz pelo ângulo da ressureição. 
Olhar a Cruz pelo ângulo da ressureição nos permite entender que a Cruz nos liberta, pois o amor e abandono de si, em Deus, são condições necessárias para a mais prazerosa das experiências humanas. Nos leva ao despreendimento total, ao sentimento profundo da nadificação, e é por meio do nosso nada ser que Deus se compadece de nossa humildade e vê, na pequena e frágil, criatura, a imagem e semelhança com a qual nos criou. E por Amor, nos restaura o brilho de nossa alma, que volta a refletir como um brilhante, a imensa luz emanada da  Sagrada Face do Criador. 
A mistica da Cruz é indescritível para quem foge dela. Torna-se incompreensível para os que a temem.  É um conhecimento inacessível para quem desdenha de tamanha sabedoria a ponto de presumir diminui-lá na negação da verdade testemunhada nela. É risível para quem presume-se irrepreensível por suas posturas acima do rigor moral. Não é possível para tais arroubos de autossuficiência atingirem a experiência consoladora da mística da Cruz. 
A Cruz te proporciona as condições fundamentais para o verdadeiro encontro com Cristo Jesus. Ela te faz perceber humano, falho, pecador, miserável, pobre, imundo, asqueroso, ignorante, teimoso, arrogante, prepotente, e todos os tipos de adjetivos destes que se posam atribuir ao mais tibio dos pecadores. Tamanha humilhação externa proporciona um afastamento natural daqueles e daquelas que vivem da boa reputação e que zelam pelo status de "cidadão de bem" e, por isso, a Cruz te proporciona o isolamento. Este, por sua vez, te oferta o silêncio. Silêncio é a oportunidade de ouvir a voz de Deus. Silêncio é o modo com o qual Deus nos fala de forma mais eloquente, Ele nos grita. 
 No silêncio ouvimos os sussuros de Deus a nos chamar à consciência de nos mesmos. É o momento em que percebemos que, cheios de muitos nadas, impedimos sermos preenchidos pelo amor com o qual Deus nos ama.  É nessa consciência que nos percebemos carregados de fardos em demasiado e compreendemos a necessidade do esvaziamento. 
Dispidos dos muitos vícios, das muitas vaidades, esvaziados de muitos falsos conhecimentos, somos preparados ao encontro formidável com o doce e suave aroma do Amor de Deus. Não como em definitivo, pois há muito o que aprender, mas como premissa daquilo que experienciaremos na ressureição quando ingressaremso na vida celestial.
A pedagogia da Cruz nos ensina que o calvário é oportunidade de libertação, o sofrimento é escola de sabedoria, que o abandono é momento de encontro e que a morte é certeza da vida Eterna. Em Cristo, com Cristo e por Cristo, a Cruz é certeza de Salvação.
Por: Jorge M. G. Bento

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