O país vive suspirando e temendo a falta de chuvas, uma crise hídrica da qual a muito tempo não se tinha noticias, e de resultados jamais imaginados por uma sociedade acostumada em ouvir falar do Brasil como o maior detentor de água doce do planeta.
Todo esse comodismo acerca do potencial hídrico brasileiro aliado ao pensamento produtivista desenvolvimentista capitalista, conduziu nossa sociedade ao consumo desenfreado de nossas matas, rios, lagos, mangues, mananciais, ao plantio desmedido de monoculturas que empobrecem e ressecam nossos solos e tudo isso tem contribuído para uma aceleração da destruição da vida como a conhecemos. Alarmismo? Quem sabe? O que sabemos é que "Seguro morreu de velho"....Já dizia o ditado popular. O certo é que vivemos sob temperaturas causticantes, verdadeiros incineradores ao ar livre...nem nas sombras mais se tem o frescor das brisas...aliás, nem mais se tem sobras, pois árvores são artigos raros em uma civilização de concreto. Por falar em concreto, a Crise que se agrava e nos conduz ao caus é o que de mais concreto nós temos. Infelizmente.
Alguns administradores famosos falaram que as crises são momentos importantes, pois nelas visualizamos onde precisamos melhorar. Schumpeter fala da destruição criadora como sendo na crise a oportunidade de melhorar e evoluir a um novo patamar.
Peter Drucker fala que na maioria das crises se observa as coisas certas sendo feitas despropositadamente. Desalinhada com o objetivo final a que se propunha o desenvolvimento da atividade, que resultará na crise.
Então vamos lá!
Diante desta crise hídrica com a qual nós brasileiros nos deparamos, quais os pontos positivos que delas retiramos?
Aprendemos a economizar água?
Aprendemos que desmatar é nocivo para a vida no planeta?
Aprendemos que é vital para toda a vida na terra manter as florestas e aprendermos a viver de forma sustentável o tal do desenvolvimento tão pregado pelo capitalismos?
Aprendemos que ações mitigadoras dos impactos ambientais devem ser mais eloquentes e compensatórias que os meros empregos formais criados pelas industrias a serem implantadas?
Aprendemos que não deve haver lixo, mas que todos os resíduos precisam e devem ser reutilizados, reciclados, reaproveitados de forma a não haver desperdícios de matéria-prima?
Conseguimos compreender a real necessidade de mudarmos nossa matriz energética, aproveitando a fartura e a gratuidade do Sol e dos ventos, até mesmo na geração e utilização destas importantes fontes energéticas em nossas casas e industrias?
será que veremos prédios públicos implantando sistemas de iluminação solar e governos financiando e subsidiando a produção, e implantação de sistemas de geração de energias solares e eólicas no Brasil, no Mundo?
será que nossa educação incluirá nas disciplinas escolares, matérias voltadas para a educação socioambiental?
Mudaremos nosso estilo de vida, abandonado o consumismo desenfreado para o consumo consciente?
Aprendemos a lição ou iremos esperar a guerra pela água e por comida transformar nossa sociedade já violenta em estágios de selvageria e barbárie equiparados aos da época pré-histórica?
Se é verdade que as crises são oportunidades de melhorarmos e mudarmos o que fazíamos, e que a partir delas ( as crises) atingiremos os verdadeiros propósitos, então certamente teremos um verdadeiro salto em quanto sociedade e veremos a adoção de práticas realmente desenvolvidas de vivência sustentável eco ambientalmente. Veremos mudanças significativas em modos de consumo e de produção, principalmente mudança de pensamento acerca dos valores que regem a vida.
Desenvolver sustentaridade implica em prefeituras passarem a investir em coleta seletivas de resíduos, e nesta coleta se chegar ao aproveitamento total destes resíduos. Fazendo a compostagem dos resíduos orgânicos, reciclando vidros, plásticos, papéis , e todo material que pode ser reciclado. Ser sustentável é adotarmos sistemas mais eficazes de utilização da água, aproveitando-na ao máximo antes de envia-la ao tratamento e destinação final.
É exigirmos durabilidade e qualidade dos bens produzidos, de maneira a reduzirmos a necessidade de novas aquisições, visando não só o lucro da econômica nas compras de produtos mas o lucro da menor exploração dos recurso naturais utilizados na fabricação dos mesmos.
Ser sustentável é exigir processo produtivos menos poluentes e exigir que sejam adotados florestas de manejo para empresas que demandam por madeiras ou qualquer produto que impliquem em degradação da cobertura vegetal.
Ser sustentável é exigir que sejam reflorestadas nascentes, mananciais e que sejam preservados margens e leitos dos rios, prevenindo assim o risco de assoreamento dos mesmos.
Vai muito além do exposto aqui, ser sustentável, requer uma mudança profunda de mentalidade, de comportamento e estruturas e de desejos. Requer um esforço global pela vida e pela paz...Nossa sociedade já nos tem mostrado que tais pensamentos de esforço pela vida, paz e desenvolver vida sustentável são utopias e estas são ridicularizadas diuturnamente, para que prevaleça o sonho da vida fácil, gostosa, e descartável.
Porque utopias dão trabalho para serem transformadas em realidade, viver a realidade nem sempre é tarefa fácil, a vida de verdade tem sabores distintos além do gostoso e esta vida de verdade não se vende, não se troca e não se descarta por nada. Pois é esta a vida que vale a pena. Que aprendamos com as pequenas grandes crises agora, para não chorarmos com a dura realidade do amanhã que se aproxima.
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